quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Amazônia 'guarda 30% do carbono florestal do mundo'

A floresta amazônica é uma reserva de cerca de 80 bilhões de toneladas de carbono – o que equivale a quase um terço do estoque mundial –, segundo um estudo publicado na última edição da revista científica Environmental Research Letters.

As florestas de todo o mundo, de acordo com o levantamento feito pela universidade americana de Wisconsin e das organizações Winrock International e Carbon Conservation, guardam 300 bilhões de toneladas de carbono.
No total das emissões globais de carbono, estima-se que a queima de florestas equivalha a cerca de 20%, e o Brasil, dependendo do estudo, flutua entre a segunda e a quarta posições entre os maiores contribuintes neste quesito. Do total de emissões de CO2 brasileiro, calcula-se que três quartos se devam ao desmatamento.

Ainda segundo o levantamento americano, o segundo país com maior estoque de carbono seria a República Democrática do Congo, com até 36 bilhões de toneladas de carbono, seguido da Indonésia, outro grande contribuinte para as emissões de CO2 provocadas por desmatamento, com até 25 bilhões de toneladas de carbono guardadas em suas florestas.

De acordo com especialistas, as florestas funcionam como grandes reservas de carbono, que é absorvido da atmosfera e é retido pela vegetação e, eventualmente, pela matéria orgânica que se acumula no solo. Com a destruição da floresta, seja por queimadas ou pelo corte da vegetação, esse estoque de carbono acaba liderado na atmosfera e a capacidade de novas absorções se extingue.

Divergências

Uma das polêmicas em torno do debate sobre florestas e reservas de carbono é justamente como medir a quantidade de carbono que elas guardam. Para alguns especialistas, o entendimento científico sobre quanto carbono é retido pelas florestas ainda é baixo.

Para Holly Gibbs, que coordenou o estudo publicado na Environmental Research Letters e é também consultora de Papua Nova Guiné para questões climáticas, o trabalho desenvolvido por ela e por outros cientistas propõe uma nova metodologia de medição.

"A nossa intenção é mostrar que existem formas de se calcular cientificamente os estoques de carbono das florestas, ao contrário do que afirmam alguns detratores", disse Gibbs à BBC Brasil.
O debate tem sido especialmente relevante na conferência da ONU sobre mudanças climáticas que está ocorrendo em Bali, na Indonésia. No encontro, um grupo de 40 países, que forma a Coalizão das Florestas Tropicais (Tropical Rainforest Coalition), criada por Papua Nova Guiné, defende um mecanismo em que as reservas de carbono das florestas de um país possam ser transformadas em crédito e negociadas no mercado internacional.

Para que isso seja possível, é fundamental que exista uma forma confiável e amplamente aceita de medir as reservas de caborno, justamente o que o trabalho coordenado por Gibbs se propõe.
Um dos grandes problemas para a Coalizão das Florestas Tropicais é a posição do Brasil, que é contra a sua proposta. O Brasil defende uma alternativa baseada na criação de um fundo internacional que forneceria recursos aos países que consigam combater o desmatamento. Pela proposta brasileira, as metas e o controle sobre o desmatamento seriam de responsabilidade dos países quem detêm as florestas.

De acordo com Holly Gibbs, a expectativa da Coalizão das Florestas é de que o texto final do encontro em Bali tenha "palavras fortes" sobre o assunto. Mas ela admite que para isso o apoio brasileiro é fundamental. "A idéia precisa do Brasil, já que o país guarda quase um terço do carbono florestal do mundo."

Do lado brasileiro, porém, não há sinais de que os negociadores estão propensos a mudar de posição.


FONTE: BBC Brasil

sábado, 9 de agosto de 2008

LEVANTAMENTO INDICA QUE QUASE 50% DOS PRIMATAS NO MUNDO CORREM PERIGO!!

Um levantamento sobre a situação dos primatas do mundo nos últimos cinco anos indica que quase metade (48%) das espécies desse tipo de animal corre atualmente risco de extinção.
Os dados divulgados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) – que servem como base para elaborar a “lista vermelha” de espécies ameaçadas da instituição –, indicam a situação é pior na Ásia, onde 71% dos primatas foram classificados como "vulneráveis", "ameaçados" ou "criticamente ameaçados".

A destruição de habitats naturais e, mais recentemente, a caça para o comércio ilegal ou a alimentação explicam a dizimação das espécies, afirmou a IUCN, uma organização que engloba mais de mil governos e ONGs.

"Ao longo dos anos temos expressado nossa preocupação com o desaparecimento dos primatas, mas agora temos dados sólidos que mostram que a situação é muito mais crítica do que havíamos imaginado", disse o presidente do grupo de especialistas em primatas da IUCN e presidente da ONG Conservação Internacional, Russell Mittermeier.

"A destruição das florestas tropicais sempre foi a causa principal, mas agora parece que a caça é uma ameaça séria em algumas áreas, mesmo quando o habitat está intacto", prosseguiu.
"Em muitos lugares, os primatas estão sendo literalmente devorados até a extinção."
Situação “assombrosa”

A avaliação geral sobre as 634 espécies de primatas do planeta foi "assombrosa", na descrição de um porta-voz da própria instituição.
Na Ásia estão os cinco países com maior proporção de espécies ameaçadas de primatas: Camboja (onde 90% das espécies estão ameaçadas), Vietnã (86%), Indonésia (84%), Laos (83%) e China (79%).

Em relação à África, os pesquisadores disseram ter considerado mudar para melhor a avaliação dos gorilas que vivem nas montanhas entre Uganda, Ruanda e a República Democrática do Congo.

Entretanto, a instabilidade política nesses países, que coloca os gorilas literalmente no meio do tiroteio, adiou uma reclassificação de "criticamente ameaçados" para "ameaçados".
Na América do Sul, a IUCN considera que 40% das espécies de primatas estão correndo perigo.

Brasil

O levantamento apontou como um "caso de sucesso" – embora ainda motivo de preocupação – a preservação de micos-leões nas florestas brasileiras.
Na sua “lista vermelha”, a IUCN passou a considerar "ameaçadas" - e não "criticamente ameaçadas", como antes - duas espécies de micos-leões.
Os micos-leões pretos foram uma das espécies reclassificadas, seguindo a mesma trajetória dos micos-leões dourados na lista de 2003.

40% das espécies de primatas na América do Sul estão ameaçadas
De acordo com o relatório, a reclassificação é "resultado de três décadas de esforços de conservação envolvendo inúmeras instituições".

"Os micos-leões selvagens estavam quase extintos, mas eram muito populares nos zoológicos. Havia uma grande população em cativeiro. Por isso, zoológicos ao redor do mundo decidiram unir forças para introduzir um programa de reprodução em cativeiro e reintroduzir os micos-leões no Brasil", explicou Vié.

Apesar do sucesso, a instituição chamou a atenção para a necessidade de proteger as florestas para garantir a sobrevivência dos micos-leões no habitat natural.
"Populações de ambos os animais agora estão bem protegidas, mas ainda são pouco numerosas, gerando uma necessidade urgente de reflorestamento para prover novos habitats para sua sobrevivência no longo prazo", disse o relatório.

A “lista vermelha” completa de espécies ameaçadas, incluindo dados dos primatas e de outros animais, deve ser divulgada no Congresso Mundial da IUCN sobre Conservação, em Barcelona, em outubro.

FONTE: BBC Brasil