quinta-feira, 31 de julho de 2008

AIDS: RELATÓRIO REVELA QUEDA NO NÚMERO DE NOVAS INFECÇÕES NO MUNDO

Um relatório divulgado nesta terça-feira pelo Unaids, o programa da ONU para a Aids, revela que medidas de prevenção conseguiram reduzir o número de novas infecções pelo vírus HIV no mundo.


O documento diz que o número total de novos casos registrados caiu de 3 milhões, em 2001, para 2,7 milhões, em 2007.
Embora a porcentagem de novas pessoas infectadas globalmente tenha caído, o número total de pessoas vivendo com o vírus da Aids subiu para 33 milhões - com uma média de 7,5 mil pessoas sendo infectadas a cada dia.
Em alguns países, como China, Rússia, Moçambique, Alemanha, Grã-Bretanha e Austrália, foi registrada a tendência contrária, com um aumento do número de casos.
Em relação ao Brasil, o relatório diz que, apesar de o país ter cerca de 730 mil pessoas vivendo com o HIV, o que representa mais de 40% das pessoas infectadas na América Latina, a política de garantir acesso a métodos de prevenção e tratamento tem ajudado a manter a epidemia estável no país.

Mulheres e presidiários

O relatório destaca que os níveis de infecção de usuários de drogas injetáveis vêm caindo em algumas cidades do Brasil, e o país é citado como um exemplo de liderança no combate à Aids.
Já a proporção de mulheres infectadas em relação ao número de homens infectados vem aumentando. Segundo o coordenador do Unaids no Brasil, Pedro Chequer, em 2007, a relação é de 1,5 homens para cada mulher infectada. Nos anos 80, a relação era de 28 homens para cada mulher.

O Unaids também destaca a alta incidência de HIV entre presidiários no Brasil e afirma que em uma determinada penitenciária de São Paulo, 6% dos presos homens testados tinham o vírus.
"Níveis de conhecimento sobre o HIV entre presidiários parecem altos, mas o acesso aos serviços de prevenção ao HIV dentro das prisões continua inadequado", diz a Unaids sobre o Brasil em um documento com dados da América Latina.
Pedro Chequer lembra que a prevalência entre presidiários era muito mais alta nos anos 80 e sugere que a dificuldade de uma política de prevenção do HIV mais bem-sucedida dentro das prisões se deve aos problemas enfrentados pelo sistema prisional.
"Nós temos um sistema prisional com problemas no Brasil, o que efetivamente dificulta as ações, não somente em relação à Aids, mas também em relação a outras doenças", diz Chequer.

Esforço combinado

Segundo o Unaids, o relatório mostra que os esforços combinados de governos, sociedades civis e comunidades afetadas podem fazer uma diferença na luta contra a Aids.
Mas "os ganhos em vidas salvas com a prevenção de novas infecções e com tratamentos para pessoas vivendo com o HIV precisam ser sustentados a longo prazo", disse o diretor-executivo do Unaids, Peter Piot.
Um dos fatores que levou à queda no número de infecções seria o maior acesso de mulheres grávidas portadoras do vírus HIV a drogas antiretrovirais, para prevenir a transmissão da mãe para o bebê.
A porcentagem de gestantes que receberam as drogas subiu de 14% para 33% entre 2005 e 2007 e, no mesmo período, o número de novas infecções entre crianças caiu de 410 mil para 370 mil.

África

Um dos destaques do relatório é a evolução da luta contra a doença na África.
Embora tenha havido uma redução no número total de mortes por Aids no mundo (de 2,2 milhões para 2 milhões), a doença continua sendo a principal causa de morte no continente, onde vivem 67% de todos os portadores do vírus HIV do mundo.
Em países como Ruanda e Zimbábue, seriamente afetados pela doença, mudanças de comportamento sexual foram acompanhadas de quedas no número de novas infecções.
O uso de camisinha aumentou entre jovens com múltiplos parceiros, e jovens estão esperando mais tempo para iniciar sua vida sexual.
Isso foi observado em sete dos países mais afetados pela Aids: Burkina Faso, Camarões, Etiópia, Gana, Malaui, Uganda e Zâmbia.
No Camarões, por exemplo, a porcentagem de jovens tendo relações sexuais antes dos 15 anos de idade caiu de 35% para 14%.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

HIV "SOBREVIVE"' A ANTIVIRAIS ESCONDIDO EM CÉLULAS

Uma pesquisa sugere que o vírus HIV pode sobreviver a medicamentos antivirais e permanecer inativo por vários anos, se escondendo em células do corpo.

Pesquisadores do Instituto Karolinska, da Suécia, descobriram níveis baixos de HIV inativo em pacientes soropositivos sete anos depois que estes iniciaram, com sucesso, o tratamento padrão com coquetéis de medicamentos.

Segundo os cientistas, o HIV pode ficar escondido nas células CD4+, que agem no sistema imunológico. Estas células são as mais suscetíveis à infecção antes do início do tratamento.
A pesquisa também sugere que, apesar de as potentes terapias com antivirais conseguirem suprimir a infecção pelo HIV a níveis que quase não podem ser detectados, estes medicamentos não conseguem erradicar o vírus.

Por isso, segundo a pesquisa, os pacientes devem continuar tomando os medicamentos por tempo indeterminado e, qualquer interrupção, pode trazer o risco de reativar a infecção.
A pesquisa foi publicada na revista especializada americana Proceedings of the National Academy of Sciences.

Equipamentos sensíveis

Os pesquisadores do Instituto Karolinska analisaram 40 pacientes infectados com o HIV durante sete anos. Geralmente os médicos não registram níveis de infecção quando o número de partículas de HIV cai para menos de 50 por mililitro de sangue. Mas a equipe de pesquisadores usou equipamentos de alta sensibilidade, que conseguiram medir o nível de infecção abaixo desta marca.

Os pesquisadores descobriram que o vírus ainda estava presente, em níveis baixos, em 77% dos pacientes pesquisados.

E, apesar de os níveis dos vírus permanecerem baixos, estes níveis são altos o bastante para reativar a infecção se o tratamento for interrompido.

"É extremamente importante o desenvolvimento de novos medicamentos para erradicar a infecção por HIV, pois os efeitos colaterais associados com o tratamento longo podem ser fortes", disse Sarah Palmer, uma das pesquisadoras.

Palmer também alertou que, ao interromper o tratamento com os medicamentos, aumenta o risco de desenvolvimento de resistência do HIV, o que pode fazer com que futuros tratamentos sejam menos eficazes.

O risco destes pacientes em tratamento infectarem outras pessoas é baixo, mas também não pode ser descartado, segundo a pesquisa.

sábado, 19 de julho de 2008

Estudo relaciona descrença religiosa a QI alto

Bom pessoal, este é um artigo um tanto polêmico, bom para se discutir. Vale a pena dar uma lida. Abraço a todos!!

Um artigo de pesquisadores europeus,
que será publicado na revista acadêmica
Intelligence em setembro, defende a tese
de que pessoas com QI (Quociente de Inteligência)
mais alto são menos propensas a ter crenças religiosas.

O texto é assinado por Richard Lynn, professor de psicologia da Universidade do Ulster, na Irlanda do Norte, em parceria com Helmuth Nyborg, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e John Harvey, sem afiliação universitária. Lynn é autor de outras pesquisas polêmicas, entre elas uma sugerindo que os homens são mais inteligentes do que as mulheres.

A conclusão é baseada na compilação de pesquisas anteriores que mostram uma relação entre QIs altos e baixa religiosidade e em dois estudos originais.

Em um desses estudos, os autores compararam a média de QI com religiosidade entre países.
No outro estudo, eles cruzaram os resultados de jovens americanos em um teste alternativo de habilidade intelectual (fator g) com o grau de religiosidade deles.

Na pesquisa entre países, os pesquisadores analisaram média de QI com o de religiosidade em 137 países. Os dados foram coletados em levantamentos anteriores.

Os autores concluíram que em apenas 23 dos 137 países a porcentagem da população que não acredita em Deus passa dos 20% e que esses países são, na maioria, os que apresentam índices de QI altos.

Exceções

Os pesquisadores dividiram os países em dois grupos.
No primeiro grupo, foram colocados os países cujas médias de QI são mais baixos, variando de 64 a 86 pontos. Nesse grupo, uma média de apenas 1,95% da população não acredita em Deus.
No segundo grupo, onde a média de QI era de 87 a 108, uma média de 16,99% da população não acredita em Deus.

Os autores argumentam que há algumas exceções para a conclusão de que QI alto equivale a altas taxas de ateísmo.

Eles citam, por exemplo, os casos de Cuba (QI de 85 e cerca de 40% de descrentes) e Vietnã (QI de 94 e taxa de ateísmo de 81%), onde há uma porcentagem de pessoas que não acreditam em Deus maior do que a de países com QI médio semelhante.

Uma possível explicação estaria, segundo os autores, no fato de que "esses países são comunistas nos quais houve uma forte propaganda ateísta contra a crença religiosa".

Outra exceção seriam os Estados Unidos, onde a média de QI é considerada alta (98), mas apenas 10,5% dizem não acreditar em Deus, uma taxa bem mais baixa do que a registrada no noroeste e na região central da Europa – onde há altos índices médios de QI e de ateísmo.
Lynn diz que uma explicação para o quadro verificado nos Estados Unidos pode estar no fato de que "há um grande influxo de imigrantes de países católicos, como México, o que ajuda a manter índices altos de religiosidade".

Mas ele reconhece que mesmo grupos que emigraram para os Estados Unidos há muito tempo tendem a ter crenças religiosas fortes e diz que, simplesmente, não consegue explicar a realidade americana.

Generalização

Os autores argumentam que essa relação entre QI e descrença religiosa vem sendo demonstrada em várias pesquisas na Europa e nos Estados Unidos desde a primeira metade do século passado.
Eles citam, também, uma pesquisa de 1998 que mostrou que apenas 7% dos integrantes da Academia Nacional Americana de Ciências acreditavam em Deus, comparados com 90% da população em geral.

Lynn admitiu à BBC Brasil que os resultados apontam para uma "generalização" e que há pessoas com QI alto que têm crenças religiosas fortes.
Segundo ele, há vários fatores, como influência familiar ou pressão social, que influenciam a religiosidade das pessoas.

"Nós temos que diferenciar a situação hoje com outros períodos da história. As pessoas tendem a adotar uma atitude de acordo com a sociedade em que vivem. Hoje em dia, na Grã-Bretanha e em outros países europeus, não há tanta pressão da sociedade para que você acredite em Deus", afirma.

Uma das hipóteses que o estudo levanta para tentar explicar a correlação entre QI e religiosidade é a teoria de que pessoas mais inteligentes são mais propensas a questionar dogmas religiosos "irracionais".

Dúvidas

O professor de psicologia da London School of Economics, Andy Wells, porém, levanta questões sobre a tese.
"A conclusão do professor Lynn é de que um QI alto leva à falta de religiosidade, mas eu acredito que é muito difícil ter certeza disso", afirma.

De acordo com Wells, vários estudos já demonstraram que pessoas com níveis de QI altos tendem a ter níveis de educação mais altos.

"E quanto mais educação as pessoas têm, é mais provável que elas tenham acesso a teorias alternativas de criação do mundo, por exemplo", afirma Wells.

O jornal de psicologia Intelligence, publicado na Grã-Bretanha, traz pesquisas originais, estudos teóricos e críticas de estudos que "contribuam para o entendimento da inteligência". Acadêmicos de universidades de vários países fazem parte da diretoria editorial.

Fonte: BBC Brasil

Variação genética eleva risco de Aids em africanos, diz estudo




Uma variação genética que protege
os povos africanos contra a malária faz com
que eles sejam 40% mais suscetíveis à infecção
pelovírus HIV, de acordo comestudo de
pesquisadores britânicos e americanos
publicado nesta semana pela revista
científica Cell Host & Microbe.


A mesma variação também seria responsável por prolongar a sobrevivência dos infectados em aproximadamente dois anos. Este é o primeiro fator de risco de ordem genética associado exclusivamente a pessoas de ascendência africana a ser identificado.

A descoberta ajuda a compreender as diferenças genéticas que cumprem um papel crucial na suscetibilidade ao HIV e à Aids.

Proteína

Os cientistas analisaram dados coletados ao longo de 25 anos em um outro estudo, que contou com a participação de americanos de diferentes etnias. "A grande mensagem aqui é que algo que no passado protegia contra a malária hoje está deixando o indivíduo mais suscetível ao HIV", afirma um dos autores do estudo, o professor Robin Weiss, da University College de Londres.
O gene estudado possui o código para uma proteína encontrada na superfície das células chamada DARC.
A variação deste gene, encontrada com freqüência no DNA de descendentes de africanos, faz com que esses indivíduos não expressem a proteína DARC em células vermelhas do sangue.

"Na África Subsaariana, a maioria das pessoas não expressa a DARC nas células vermelhas do sangue, e estudos anteriores mostram que esta variação parece ter evoluído para proteger contra uma forma particular de malária", diz Weiss.
"Entretanto, esse efeito protetor torna os que possuem essa variação genética mais suscetíveis ao HIV", acrescentou.
"Ter essa variação é uma faca de dois gumes", diz o principal autor do estudo, o professor Sunil K. Ahuja, do Centro de Ciência da Saúde da Universidade do Texas, em San Antonio. "A descoberta é outra peça valiosa no quebra-cabeças da genética do HIV e da Aids."

Discrepância

Para os autores, o comportamento sexual e outros fatores sociais não explicam totalmente a grande discrepância nos índices de infecção pelo HIV em populações em todo o mundo.
Por essa razão, os cientistas defendem que os fatores genéticos são um campo vital de estudo.
O vírus HIV afeta hoje 25 milhões de pessoas na África Subsaariana, a maior concentração de infectados do mundo.
Cerca de 90% da população da África é portadora da variação genética DARC.
Segundo estimativas, essa variação poderia ser responsável por 11% das infecções na região.

Fonte: BBC Brasil

AQUECIMENTO GLOBAL: curiosidades

AQUECIMENTO GLOBAL AUMENTA RISCO DE PEDRAS NOS RINS, DIZ ESTUDO

Um estudo realizado por cientistas americanos
sugere que a elevação nas temperaturas globais
pode causar um aumento no número de pessoas
afetadas por cálculo renal.

Segundo a pesquisa, publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, o aquecimento global poderia intensificar a desidratação, considerado um dos principais fatores de risco do cálculo renal.

Os pesquisadores estimam que, até 2050, o aumento nas temperaturas poderá causar um acréscimo de 30% nos casos de pessoas que sofrem de pedras nos rins – ou seja, entre 1,6 milhões e 2,2 milhões de novos casos de cálculo renal.

"Esse estudo é um dos primeiros exemplos do aquecimento global causando uma conseqüência direta à saúde de seres humanos", afirmou Margaret Pearle, que liderou o estudo.
De acordo com os pesquisadores, o aumento no número de casos de pedras nos rins ampliaria uma área dos Estados Unidos conhecida como o "cinturão do cálculo renal" – área do país onde as temperaturas são mais elevadas e que compreende os Estados do Alabama, Arkansas, Flórida, Geórgia, Louisiana, Mississipi, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Tennessee.

Temperatura

O cálculo renal, ou nefrolitíase, é uma doença comum. As pedras nos rins, que são cristais formados por minerais dissolvidos na urina, podem ser causadas por problemas ambientais ou pelo metabolismo.
O baixo volume de urina aumenta diretamente o risco de pedras nos rins por causa do aumento da concentração de sais que formam os cristais. Isso pode decorrer da pouca quantidade de líquidos ingeridos pelo paciente ou pela perda de água causada pela desidratação.
Os pesquisadores ressaltam que há uma variação geográfica nos casos de cálculo renal que já foi atribuída às diferenças regionais de temperatura.

"Quando as pessoas são relocadas de áreas onde as temperaturas são moderadas para regiões de clima mais quente, foi observado um aumento repentino nos casos de pedras nos rins. Isso foi demonstrado, por exemplo, em alguns casos de militares que foram enviados ao Oriente Médio", explicou Pearle.

Para prever as alterações nas temperaturas, os pesquisadores usaram modelos de aquecimento global do relatório de avaliação de 2007 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). O documento prevê o aumento das temperaturas com base nas previsões das emissões de gases poluentes.

A equipe analisou dois estudos que observaram casos de cálculo renal em várias regiões geográficas e fizeram uma relação entre os casos regionais e o aumento na temperatura média local.

A partir dessa relação, os cientistas puderam derivar dois modelos que relacionam as temperaturas com o risco de cálculo renal.

Os dois modelos indicam que o aquecimento global irá provocar uma expansão no atual cinturão do cálculo renal, mas sugerem diferenças no tamanho exato da expansão e o local das mudanças.
De acordo com um dos modelos, o impacto do aquecimento global nos casos de cálculo renal será não-uniforme e concentrado na metade sul do país, enquanto o outro sugere um aumento na porção norte do Centro Oeste americano.
Considerando a previsão de aumento populacional nessas áreas, o estudo estima que a elevação nas temperaturas pode causar até 2,2 milhões de novos casos da doença.

Custos

Segundo os pesquisadores, o número de novos casos pode significar um aumento de até US$1 bilhão (R$1,6 bi) no custo anual do tratamento da doença até 2050, o que representa um valor entre 10% e 20% maior do que as estimativas atuais.

"Obviamente, esse acréscimo é um problema, se considerarmos os custos associados ao tratamento de pedras nos rins", disse Yair Lotan, que participou do estudo.
Os cientistas indicam ainda que as mudanças na incidência do cálculo renal podem ser esperadas em outros "cinturões" ao redor do mundo.

Fonte: BBC Brasil.com

Teste de vacina contra o HIV em seres humanos é suspenso !!

Os planos para a realização de um teste amplo em seres humanos de uma promissora vacina contra o HIV criada nos Estados Unidos foram cancelados na quinta-feira (17). O cancelamento ocorreu porque uma autoridade governamental afirmou que os cientistas perceberam que não tinham conhecimento suficiente a respeito de como as vacinas anti-HIV e o sistema imunológico interagem.

A decisão é um grande revés para a tentativa de criação de uma vacina contra o HIV, que teve início 24 anos atrás, quando autoridades governamentais do setor de saúde garantiram que haveria uma vacina no mercado até 1987. Há muito tempo as autoridades do setor argumentam que tal vacina seria a melhor arma para o controle da pandemia de Aids. Várias outras vacinas contra o HIV estão em diversos estágios de teste em vários países. Mas muita confiança foi depositada no teste do governo norte-americano porque a potencial vacina fazia parte de uma nova classe que procura estimular o sistema imunológico de maneira diferente.

O médico Anthony S. Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, a autoridade que cancelou o teste que seria feito pelo governo, afirmou que estava ficando cada vez mais claro que seriam necessárias mais pesquisas básicas e testes em animais antes que a vacina pudesse ser comercializada.Os cientistas dizem que a criação de uma vacina contra o HIV é um dos empreendimentos científicos mais difíceis da história devido à natureza misteriosa do vírus.A vacina do governo, conhecida como PAVE - acrônimo em inglês de Parceria para Avaliação da Vacina da Aids - é similar a uma vacina que foi bastante divulgada até ter fracassado no ano passado.

A vacina que fracassou foi desenvolvida pela Merck, e a agência de Fauci ajudou a financiar os testes realizados pela empresa.Fauci afirma que chegou à sua decisão de cancelar o teste após reunir-se com cientistas que tentavam entender por que a vacina da Merck tinha falhado. Ele diz ter concluído que os cientistas precisam superar uma etapa de cada vez, porque ainda não conhecem fatos fundamentais, como, por exemplo, quais reações imunológicas são mais importantes para prevenir a infecção.

Fauci afirma que o objetivo do novo teste seria determinar se a vacina poderia reduzir significativamente a quantidade de HIV no sangue dos indivíduos infectados. Segundo ele, antes que se realizem testes em maior escala, um teste de menor dimensão é necessário para que se descubra se a vacina seria capaz diminuir a quantidade do vírus no organismo."Mostrem-me que a vacina reduz a quantidade de HIV no sangue", diz Fauci. "Então poderemos passar para a fase de um teste mais amplo, que possibilitará a identificação do vínculo entre a vacina e uma resposta imunológica específica. Um teste de grande dimensão não se justifica antes que tal redução viral seja comprovada".

O médico Alan Bernstein, diretor-executivo da Global HIV Vaccine Enterprise, diz que a sua organização apoiou a decisão de Fauci e que existe a "necessidade urgente de uma diversidade de abordagens para o desenvolvimento de uma vacina contra o HIV". "Por exemplo, recentes avanços laboratoriais, que permitem aos cientistas examinar centenas de genes simultaneamente, oferecem uma promessa imensa no sentido de nos ajudar a entender como podem ser criadas vacinas potenciais contra o HIV que sejam capazes de proporcionar uma proteção imunológica duradoura", afirma Bernstein.

O teste que foi cancelado na quinta-feira deveria ter começado com a inscrição de 8.500 voluntários em outubro do ano passado para receberem a vacina PAVE, desenvolvida pela agência de doenças infecciosas. A PAVE é um consórcio de agências federais e organizações financiadas pelo governo envolvidas no desenvolvimento e avaliação de vacinas experimentais contra o HIV. Ela procura criar uma vacina anti-HIV efetiva, algo que dificilmente uma companhia ou instituição farmacêutica fará por conta própria.

O teste da PAVE foi adiado depois que um teste da vacina da Merck fracassou quanto aos seus dois objetivos principais: prevenir a infecção e reduzir a quantidade de HIV no sangue das pessoas infectadas. Além disso, as pesquisas com os 3.000 participantes nos nove países nos quais a vacina da Merck foi testada sugerem que ela pode ter aumentado o risco de que as pessoas sejam infectadas. Depois que um comitê de monitoramento de segurança detectou os problemas com a vacina da Merck em setembro do ano passado, a companhia interrompeu rapidamente o seu estudo.Os cientistas não descobriram nenhuma explicação óbvia para o fracasso da vacina da Merck, que era considerada a candidata mais promissora. A vacina da Merck foi a primeira de uma nova classe de vacinas contra o HIV a chegar a um estágio avançado de testes com seres humanos.

A vacina era feita com uma versão enfraquecida de um vírus do resfriado comum, o adenovírus tipo cinco, que servia como transportador de três genes do vírus da Aids produzidos sinteticamente - gag, pol e nef. Três doses da vacina foram injetadas nos voluntários em um período de seis meses.

Análises científicas revelaram que o maior risco de infecção por HIV entre os voluntários estava no grupo formado por homens circuncidados e que já apresentavam anticorpos contra o adenovírus do tipo cinco. Após o fracasso do teste da Merck, o governo reduziu o número de potenciais voluntários para 2.400. O grupo incluiria homossexuais circuncidados que não apresentam anticorpos contra o adenovírus do tipo cinco.

A pesquisa de dimensões reduzidas custaria cerca de US$ 63 milhões, contra os US$ 140 milhões previstos para o projeto anterior. Em uma entrevista coletiva à imprensa em 1984, autoridades federais de alto escalão afirmaram estar otimistas quanto à possibilidade de que uma vacina contra o HIV comercializável estivesse disponível em três anos. Desde então, os pesquisadores da Aids mostram-se divididos quanto à rapidez com que devem ser testadas as vacinas experimentais.Muitos recomendam cautela, por temerem que fracassos possam acabar com a confiança das pessoas não infectadas que pertencem a grupos de risco, já que esses indivíduos serão necessários como voluntários em futuros testes.Mas outros grupos fazem pressão intensa para que se realizem testes tão logo as pesquisas mostrem-se promissoras, já que existe a necessidade urgente de uma vacina.

Em um outro estudo, pesquisadores da Universidade Duke revelaram na quinta-feira que o HIV degrada o sistema imunológico mais cedo do que os cientistas pensavam. Segundo um artigo publicado no periódico "The Journal of Virology" por uma equipe chefiada pelo médico Barton Haynes, a janela de oportunidade para conter o HIV pode se restringir aos dias iniciais, e não às primeiras semanas, após o vírus penetrar no organismo. Essa conclusão baseou-se em um estudo com 30 indivíduos recém-infectados pelo HIV, e o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos financiou a pesquisa.

Fonte: UOL/The New York Times